Homilia do Padre Fernando Cardoso - 21 de junho de 2011

A saga de Abraão continua entre os capítulos XII e XXV do Livro do Gênesis. Hoje o narrador nos mostra a bondade e generosidade de Abraão. Na verdade, o texto quer responder à seguinte pergunta feita muito mais tarde pelos Judeus: “Como é possível, que a ocupar as terras melhores do Oriente Médio, aquela região do Vale do Jordão rica em plantação, sejam os nossos vizinhos, não propriamente nós? Como explicar que ocupamos o lugar pior?” Criou-se então uma pequena saga atribuída a Abraão.

Abraão e Ló são muito ricos mas, no texto escrito, não querem entrar em choque entre si. Abraão diz então ao sobrinho Ló que escolha para onde se quer dirigir, e deixa a ele a liberdade de escolha em toda a Palestina. Ló, evidentemente, escolhe o melhor para si; vai habitar as regiões férteis do Rio Jordão e deixa Abraão com as terras mais secas, as terras menos fecundas. Para a saga, isto se deve à generosidade de Abraão. Nós tomamos o texto como se apresenta a nós, e nos perguntamos, a partir deste texto, se sabemos ser generosos. O que é que condividimos com os outros?

O segredo de uma vida cristã está na condivisão. E Jesus deu-nos o exemplo, condividindo todos os Seus bens. Condividiu não apenas bens materiais, mas sobretudo o que Ele nos trouxe e não podia ser buscado por nenhum de nós: o Reino de Deus e a filiação Divina, como também a candidatura para o céu. Tudo Jesus condividiu. E nós; somos capazes de ser generosos? O que é que nós oferecemos aos demais? A pergunta ainda é parcial, a pergunta não é radical. Radicalmente ela soaria da seguinte maneira: “minha vida é toda inteira voltada para os demais e voltada para Deus? Ou minha vida se volta para mim mesmo, como um bicho de concha que não vive para ninguém, a não ser para si? Sou generoso como Abraão ou sou narcisista e egoísta como tantos que existiram no passado, e lamentavelmente existem no presente tornando este mundo tão difícil de ser vivido e compartilhado?”

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