Homilias e dizeres do Pe. Fernando Cardoso - 06 de junho de 2011

“Eis que agora nos falas claramente e não mais em linguagem figurada” dizem os discípulos a Jesus no discurso de adeus. “Agora sabemos que vieste de Deus, e não há necessidade que ninguém mais Te interrogue.” Jesus, no entanto, recebe esta afirmação segura de maneira prudente. “Agora compreendeis? Virá o momento, e se aproxima com rapidez, em que todos Me deixareis só. Mas eu não estou sozinho; o Pai está Comigo.” Horas depois, sempre de acordo com este texto evangélico, Jesus era abandonado por todos, sem nenhuma exceção, no Horto das Oliveiras. Apenas o Pai permaneceu com Jesus, embora de maneira não sensível.

Conosco passa-se a mesma coisa. Às vezes temos a sensação de ter finalmente compreendido o que é vida em Cristo; às vezes temos a sensação de que fizemos um verdadeiro progresso e crescemos. E notem, não é preciso menosprezar estes momentos. Existem momentos de crescimento sim; existem momentos qualitativamente superiores a outros. No entanto, é preciso prudência e sobretudo humildade, porque se por vezes parece que atingimos o topo da montanha e estamos em plena sintonia e comunhão com Deus, podem vir dias em que de novo, surpreendentemente, estamos num túnel escuro, não compreendemos mais e temos a sensação de ter regressado na vida cristã, ao invés de manter progressos constantes.

Isto acontece, e acontece com muitas pessoas. Não é necessariamente sintoma de um relaxamento espiritual interno. Todavia, por vezes é sim sintoma desse relaxamento. Então é preciso que, com humildade, saibamos aonde estamos e nunca presumamos de nós mesmos, mais do que aquilo que na verdade somos. Nós valemos diante de Deus aquilo que na verdade somos e nada mais.

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